Foi uma experiência muito diferente pra um rockeiro ândergráunde estar em uma Feira de Música com a presença do Ministro da Cultura e muitos empresários importantes do setor. Especialmente num ano em que lançamos um CD por vias 100% independentes, e terminamos tocando no CICAS (mais sobre esse show em breve). Conversamos com peixes grandes e entendemos mais ou menos como funciona a circulação de grana na parada.
Realmente se você tem uma banda alternativa/rock/noise/o que quer que seja, com paciência e insistência você consegue, durante uns três meses do ano, tirar um dinheiro saudável tocando. Principalmente se você é de SP ou tem como passar uma temporada aqui. O mais duro é circular o ano inteiro e viver exclusivamente disso. Aí entram as filas dos editais, das curadorias e das discussões de "panela" ou "não-panela", dos favorecimentos, dos critérios etc e tal. Sem entrar no mérito da questão, a conclusão é a seguinte: sem sair dinheiro de verba pública, não existe um mercado musical no Brasil. É mais ou menos que nem o mercado cinematográfico. A discussão não é mais se deve existir ou não dinheiro público, e sim qual a porcentagem do governo em cima do mercado de música brasileiro.
E pensando bem, é bom que exista esse dinheiro pois, o mercado da música é mesmo um ovo. É pequeno, e sem um pouco desse discurso de esfera pública (da representatividade, da participação popular, da preservação de tradições e culturas etc), daqui a pouco o Abílio Diniz compra a rua Augusta e aí é que vira panela mesmo. Só pra ter uma idéia: nem o Itaú Cultural, nem a Vivo, nem a Oi nem nenhuma dessas grandes empresas tiraram dinheiro do bolso pra financiar projetos culturais. É no mínimo 80% de grana tirada do nosso imposto! Isso é ruim? É bom? Sei lá. Só sei que isso possibilitou uma banda como a Visitantes se apresentar em Recife num bairro como o Alto José do Pinho (longe da baladação de uma Boa Viagem ou de um Recife Antigo) com um equipo e um atendimento de prima, e ficamos muito gratos à Umpa Lumpa, ao Coquetel Molotov e à Cria Cultura, além dos diretamente envolvidos no Conexão Vivo, pela oportunidade de ter mandado os sons de "Na Brasa Fugaz..." (que aliás, estão agora na íntegra no nosso Myspace). Disseram que Canibal estava lá, eu não trombei ele mas tomara que ele estivesse mesmo.
"Punk rock, hardcore, diga onde é que faz?
Lá no Alto Zé do Pinho, é do caralho"
Hoje eu sonhei com o Jair do Ludovic, ele morava tipo numa pensão na Augusta, e tinha os dentes amarelos e a gente assistia um show bizarro de jam-session em que o Helinho do Vanguart improvisava versos a esmo. Foi bem doido.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Recife: Conexão Vivo + Feira Música Brasil
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Com esta força, capacidade,criatividade, competência, musicalidade, alegria toda, em 2010
ResponderExcluirS U C E S S O para os VISITANTES !!!